segunda-feira, 30 de maio de 2011

Visitante,
Parei de escrever este blog.
Estou criando o blog: www.problemasdobrasil.com.br (link na coluna da esquerda).
Favor visitar meu novo blog, onde continuo o que pretendia com este.

domingo, 14 de outubro de 2007

Ainda Intérpretes do Brasil

A revista Entre Livros publicou recentemente em sua Biblioteca Entre Livros - números especiais com textos fundamentais para ler e guardar - um intitulado Retratos do Brasil com artigos sobre pensadores que produziram as principais obras para explicar como se forjou o país de hoje. Nas palavras do editoral: o propósito deste especial é oferecer ao leitor, seja de qual for a área, a possibilidade de conhecer, ainda que de modo panorâmico, o pensamento de cada um destes que são considerados hoje os grandes "intérpretes" do Brasil. Foram escolhidos 12 autores após o cruzamento de vários currículos das áreas de história, sociologia, antropologia, economia e literatura.
Além de um artigo sobre cada um dos autores, a revista contém:
- um interessantíssimo artigo de autoria da Profa. Miriam Dolhnikoff sobre o trabalho dos intelectuais que, no século XIX, buscaram compreender o Brasil, com ênfase sobre os temas que mais os ocuparam - identidade nacional, escravidão e cidanania;
-um artigo sobre a produção dos brasilianistas, com o interessante título de A interpretação multifacetada de quem vê o Brasil de fora; e
- um artigo introdutório intitulado O paradoxo como método para entender o Brasil.
Os 12 autores estudados são:
Gilberto Freyre: 1900/1987;
Sérgio Buarque de Holanda: 1902/1982;
Caio Prado Júnior: 1907/1990;
Josué de Castro: 1908/1973;
Antônio Cândido: 1918/;
Celso Furtado: 1920/2004;
Raymundo Faoro: 1925/2003;
Florestan Fernandes: 1920/1995;
Milton Santos: 1926/2001;
Darcy Rbeiro: 1922/1997;
Guerreiro Ramos: 1915/1982;
Abdias Nascimento: 1914/.
Cabe ressaltar que apenas dois dos autores escolhidos estão vivos e ambos com mais de 85 anos.
Entretanto, a revista inova incluindo autores raramente citados em trabalhos do gênero: o médico sanitarista e geógrafo Josué de Castro, o geógrafo Milton Santos, o sociólogo Guerreiro Ramos e o economista Abdias Nascimento, os dois últimos com uma importantíssima contribuição para a valorização do negro na sociedade nacional.

Intérpretes do Brasil no Século XX - Ciências Sociais

A revista Ciência Hoje, da Associação Brasileira para o Progresso da Ciência, publicou em seu número de abril de 2000 interessante matéria da autoria do Prof. Simon Schwartzman. Nela, o autor relata os resultados de uma enquete, sobre os autores brasileiros mais importantes do século XX, que fez com cientistas sociais que estivessem em atividade. O texto do artigo está disponível na internet e o link para sua leitura encontra-se ao lado.
O autor da enquete solicitou a cada participante que indicasse as obras que, no seu entender, eram as mais importantes e as mais influentes, em um número máximo de cinco para cada categoria. Responderam à enquete 49 cientistas - dez sociólogos, 13 cientistas políticos, 14 economistas, seis antropólogos e os demais historiadores ou da área de direito, filosofia ou administração.
Os autores citados, em ordem de importância, foram:
Gilberto Freyre: 1900/1987;
Celso Furtado: 1920/2004;
Raymundo Faoro: 1925/2003;
Ségio Buarque de Holanda: 1902/1982;
Vitor Nunes Leal: 1914/1986;
Florestan Fernandes: 1920/1995;
Caio Prado Júnior: 1907/1990;
Oliveira Viana: 1885/1951;
Euclides da Cunha: 1866/1909
Além desses, tiveram obras citadas pelo menos duas vezes os autores:
Fernando de Azevedo: 1984/1974;
Fernando Henrique Cardoso: 1931/;
José Murilo de Carvalho: 1939/;
Eduardo Viveiros de Castro: 1951/;
Roberto da Matta: 1936/;
Ignácio Rangel: 1908/1994;
Wanderley Guilherme dos Santos: 1935/;
Simon Schwartzman: 1939/;
Mário Henrique Simonsen: 1935/1997;
Roberto Simonsen: 1889/1948;
Antônio Cândido de Mello e Souza: 1918/
Maria da Conceição Tavares: 1930/.
Cabe notar que, entre os mais importantes, nenhum autor vivo foi citado e, entre os demais, os que estão vivos, com uma única exceção, têm mais de 65 anos.
Comentarei em uma postagem futura o fato de praticamente não serem citados autores mais moços em todas as listas de Intérpretes do Brasil

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

15 Intérpretes do Brasil

Doença, viagem e outros afazeres monopolizaram minha atenção nos últimos meses, impedindo-me de escrever para o blog. Pretendo ser mais assíduo de agora em diante. Retomo uma postagem rascunhada há mais de dois meses.
Baseado nas referências mencionadas em minhas postagens de 27 de maio e 17 de julho, identifiquei 15 escritores que, por serem muito citados, considerei importantes intérpretes do Brasil. São eles, em ordem de número de citações:
-Sérgio Buarque de Holanda: 1902/1982;
-Gilberto Freyre: 1900/1987;
-Caio Prado Jr: 1907/1990;
-Joaquim Nabuco: 1849/1910;
-Forestan Fernandes: 1920/1995;
-José Murilo de Carvalho: 1939/;
-Euclides da Cunha: 1866/1909;
-Raymundo Faoro: 1925/2003;
-Oliveira Vianna: 1885/1951;
-Capistrano de Abreu: 1853/1927;
-Vítor Nunes Leal: 1914/1986;
-Antônio Cândido: 1918/;
-Evaldo Cabral de Melo: 1936/;
-Oliveira Lima: 1867/1928
-Charles Ralph Boxer: 1904/2000.
Chamo a atenção do leitor para o fato de apenas três estarem vivos e de somente um ser estrangeiro.

domingo, 29 de julho de 2007

Individualismo, um vício brasileiro?

A revista Época nº 480, datada de 30 de julho de 2007, traz uma excelente matéria da autoria de Ricardo Freire, seu colunista quinzenal. Sob o título A nossa parte de culpa no acidente, ele aborda a responsabilidade dos passageiros no que qualifica de inchaço de Congonhas. Ao ler a matéria, lembrei-me de uma manchete da Folha de São Paulo, creio que no domingo 22 de julho de 2007, que dizia mais ou menos: paulistanos querem Congonhas, mas com modificações e que, ao lê-la imediatamente imaginei que ela traduziria melhor o espírito da coisa se fosse: paulistano quer SEU vôo em Congonhas.
Moro em Brasília, mas fui muito e continuo indo com alguma regularidade a São Paulo. Há uns dez anos quase não havia vôos de Brasília para Congonhas; a maioria ia para Cumbica (Guarulhos). Este tornou-se para mim um aeroporto familiar. Há vários anos a situação inverteu-se; quase todos os vôos de Brasília para São Paulo destinam-se a Congonhas. Como isso aconteceu? Leiam a coluna do Ricardo Freire que ele explica melhor do que eu conseguiria.
Recordo-me de uma conversa que tive em um bar do aeroporto de Cumbica há pouco mais de dez anos. Eu e um colega de profissão gaúcho esperávamos nossos aviões para retornarmos a nossas cidades. (Naquele tempo quase todos os vôos de São Paulo para Porto Alegre também partiam de Cumbica e não de Congonhas.) Havíamos participado de um seminário que discutia o projeto de lei de gestão de um dos recusos naturais mais importantes. Lembro-me de comentar com ele que todos os interessados eram favoráveis à descentralização da gestão, mas que quando cada um particularizava como ela deveria ser efetivada, parecia que descentralizar tinha um significado diferente para cada um. Lembro-me de meu colega observar que, na realidade, cada um queria que a descentralização fosse em seu benefício, sem considerar o que seria melhor para a coletividade. Participei ativamente durante mais de três anos do processo de elaboração dessa lei e me marcou profundamente a incapacidade dos envovidos pensarem em termos do bem comum.
O brasileiro é incapaz de colocar o interesse pessoal em segundo plano e priorizar o coletivo? A famosa Lei de Gerson e o ditado farinha pouca meu pirão primeiro traduzem a realidade dos brasileiros? Seria a individualidade um vício brasileiro? No aguardo de comentários.

domingo, 22 de julho de 2007

Três obras seminais para se entender o Brasil - 2

Em comentário à postagem original, André Leme Lopes, manifesta sua crença de que nenhuma obra escrita na década de 1930 consiga explicar o mundo de hoje e opina que a falta de novas obras abrangentes sobre o país fazem muito da fama desses clássicos.
Esse comentário faz-me antecipar algumas considerações que pretendia fazer futuramente, na medida em que fosse desenvolvendo meu pensamento. Sou da opinião de que, nos últimos tempos, há falta de obras abrangentes sobre o nosso país e de que os grandes escritores da atualidade não têm uma obra síntese de seu pensamento, que se destaque das demais, daí o realce de obras publicadas há mais tempo. (Voltarei ao assunto).
André qualifica as três obras por mim mencionadas como clássicos. O que torna uma obra um clássico? O grande escritor italiano Italo Calvino em sua obra Por que ler os clássicos apresenta algumas propostas de definição das quais selecionei algumas:
Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.
Os clássicos são livros que, quando mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.
É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.
Concluindo, se as três obras são realmente clássicos, mantêm seu interesse vivo como há setenta anos.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Intérpretes do Brasil - 2

Intérpretes do Brasil é o título de uma coleção de doze livros de dez autores que apresentam uma visão crítica do Brasil, patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Cultura, no âmbito das comemorações dos 500 anos de descobrimento do nosso país, e publicada pela editora Nova Aguilar em três volumes, em papel bíblia. A seleção dos livros foi feita pelo professor Silviano Santiago, coordenador do projeto e autor do texto introdutório da coleção. Cada livro é antecedido por um estudo introdutório de autoria de alguns dos maiores nomes da historiografia atual.
Outra obra, possivelmente de maior interesse para o leitor não especializado que queira uma visão abrangente de nosso país, é a coletânea de resenhas de 36 livros de 28 autores intitulada Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos, organizada pelo jornalista Lourenço Dantas Mota e publicada , em dois volumes, pela editora do SENAC de São Paulo. As resenhas são igualmente da autoria de 28 dos maiores nomes da historiografia atual.